o dom é da escrita
e não do pensamento
porque escrever é pensar
tal como obra e criador
a escrita só pertence ao sonhador!
como o pólen está pra flor
à boleia do pássaro que é o autor e toda a arte é pensamento
e quem não pensa é espectador
quando perceberes que o sonho é realidade pega no todo e tira só metade, se essa metade for verdadeira já tas fora da trincheira e vais perceber que era só um buraco de onde não saíras por te achares fraco.
e enquanto pões balas no carregador, esse sonho nasce, e cheio de cor!
já nao escrevo faz muito tempo
e nem escrever me apetece
a poesia nao é contínua
nem aquilo que parece
apenas escrevo porque sim
como se alguma vantagem trouxesse
coloco rochas sobre o túmulo dos meus medos
faço deles tão maiores e meus segredos
finto a minha mente com o acto inerente não sei se estou diferente, se é passado ou presente
escrevo entre as linhas onde as minhas palavras não cabem
sítio onde só elas ser sabem
já que sei que pouco sei em mente navego até onde falhei
penso por pensar e faço-o como quem pensa, pois compensa
é neste rés-do-chão do pensamento que agora me sento
e abstendo, procuro aquilo que sou, sendo
Começo por nascer em todos os sítios do mundo, visto todas as raças, albergo todos os pesos e sou agora de todos os tamanhos. Sou prendado com todos os dons, e carrego também todos os defeitos. Tenho todos os vícios, até mesmo o vício de não ser viciado. Torno-me surdo, sinto-me mudo, fico cego. Percepciono todos os sentimentos que o homem conhece, e mesmo aqueles que não são denominados - e faço-o a todas as diferentes intensidades - todas as mágoas, pesadelos, e sortes. E agora sou todo o ser e toda a matéria. Vivo todos os sonhos, sonhando-os de igual forma. Dou uma volta ao mundo e conheço todos os sítios, todos os perfumes. Faço-o à velocidade da luz para sentir a velocidade do som. E num ruído me perco, como o estalar de uma lâmpada